30 novembro, 2005

Claro que é rock!!!!


Venho registrar minha fantástica experiência musical após o festival Claro que é Rock! Festival este MONSTRO – logo que cheguei o show do Fantomas já havia começado, estava praticamente no final, confesso que som esquizofrênico de Mike Patton e sua banda não é muito fácil de digerir. Em seguida, o psicodélico Flaming Lips entrou em cena e Wayne Coyne logo prometeu: vocês vão ver o show mais foda de suas vidas! E foi, sensacional! Dezenas de pessoas vestidas de bichos de pelúcia no melhor estilo Parmalat, músicos fantasiados de Papai Noel e caveira, confetes, balões coloridos, papel picado, brinquedinho de criança fazendo música e o mais fantástico: a bolha em que Coyne entrou e circulou por cima da platéia, genial! Estavam todos conquistados! Quanto à música, os clássicos “She Don't Use Jelly”, “ Do You Realize?” e “ Yoshimi Battles The Pink Robbots” levaram a platéia as lágrimas! E pra quem não estava sintonizado com a banda, Coyne ajudou repetindo o refrão e fazendo com que todos cantassem! Lindo! O coro de milhares de vozes em "Bohemian Rhapsody", numa espécie de karaokê gigante, foi de emocionar e ainda teve o protesto contra George Bush em "War Pigs", do Black Sabbath. Fiquei sem palavras, mas precisava me recuperar rápido, logo estaria vendo o meu rei: Iggy Pop! Enfrentei umas filas, para banheiro e cerveja e já fui de encontro ao segundo palco esperar por ele.
Iggy & The Stooges subiram no palco com o som super mega alto era "I wanna be your dog" Na setlist, clássicos e mais clássicos dos dois primeiros álbuns dos Stooges (The Stooges,1969, e Fun House, 1970) se alternavam para a loucura da galera. Iggy vestia um jeans justíssimo e baixo, modelo feminino e passou o tempo todo dançando, se contorcendo e simulando sexo com as caixas de som, para delírio dos fãs! Mais tarde, começou a chamar o público para o palco, e claro foi atendido, cantou "No Fun" entre mais de 10 fãs!!! Quando o show terminou fiquei pensando se hoje, aos 58 anos Iggy Pop arrasou no palco, como então eram os shows de início de carreira?
Pausa! Agora virão os meninos do Sonic Youth! A banda nova-iorquina tocou músicas novas entre os clássicos "Schizophrenia","Bull In The Heather"e "Drunken Butterfly", com melodias levadas pelas guitarras distorcidas e pelo baixo hipnótico da Kim Gordon. Foi de ficar com zumbido nos ouvidos. Quer mais? Para fechar a noite, Trent Reznor e seu Nine Inch Nails, o show mais agressivo do festival - uma iluminação absurda entre guitarras pesadas e batidas eletrônicas, o NIN detonou tocando clássicos de seus primeiros álbuns como "Sin, "Terrible Lie" e "Closer". Foi um show curto, mas inesquecível, terminaram quebrando os instrumentos... E viva o rock industrial!!!!!!!!!!!

Do you realize??

13 novembro, 2005

Vânia e seu universo paralelo




tela, plática e óleo.



- Venta no mundo de Vania?
- Venta, vento das asas.
- Voce voava enquanto o pintava.
- Vania também, e sempre voará, seu maior desejo era voar.
- Virar borboleta?
- Viraria qualquer ser alado, o que importa é a sensação.
- Viraria rosa no campo.
- Rosas têm asas?
- Rosas têm muitas coisas, seu cheiro é de rosa. Entorpece minha carne, me atira aos espinhos, cria ilusão.
- Rosa por ser delicada e fechada, abre-se quando bem cuidada.
- Sou beija-flor inquieto.
- Cuide de suas rosas então, como faz o pequeno príncipe.

06 novembro, 2005

Moça no bar



recorte e colagem, papeis diversos e fita de cetim.

14 agosto, 2005

A santa

Quero falar sobre a mulher que apareceu no salão subitamente dirigindo-se para a estátua envolta por um manto azul. Ela segurava naquelas mãos de gesso como um apoio. (psicológico?) E ficou ali por muitos minutos cercando a imagem que olha para lugar algum, que não tem calor e ainda é inodora, afinal cheiro traz segurança.
Descrevo porque não entendo, imagens me causam desconforto e ao presenciar aqueles dedos vermelhos apertados, imaginava as promessas ali negociadas, uma TROCA. Desse deus tenho medo.

18 junho, 2005

O vento

Há tempos não escrevia no caminho de volta para casa... È que foi tão aliviante sentar nesta poltrona macia, dentro de um ônibus tão vazio e, novo!
Não foi tal surpresa banal que me motivou a pegar o cardeninho e buscar na mochila carvernosa uma caneta, nem foram os chilenos vendendo na rua aquele mesmo som hippie e chato que escutava enquanto o ônibus cheirosinho não chegava.
Antes, bem antes, vinha reparando nas pessoas do trem, e observei seguidamente um velho. Pensei que os velhos têm sempre uma expressão ou algum traço marcante de tristeza, dureza, peso, cansaço, solidão.
Os olhos são pesados, a testa franzida sem mesmo querer franzi-la, às vezes faltam dentes... O homem parece tão frágil em tantos aspectos.
E penso: uma vida inteira pode ser tão ruim?
Saí do trem e seguindo o caminho senti um vento fresco em pleno centro, e me perguntei o motivo de gostar tanto da sensação do vento. Ou ainda, por que sempre o vento compõe meus textos?
Mas... Reparaste que os velhos também estão ultimamente presentes em minhas linhas? Será algum medo? Não! Porque o velho que descrevi no texto anterior é um velho apaixonante.
Enquanto os chilenos tocavam sua música, continuei me indagando sobre o vento, que traz novos ares. Isso é bom. O vento toca. Surgem novas idéias. Uma renovação. Um voto de esperança.
E não seriam os velhos conhecedores de muitos desses ares, das novas idéias, que já são caducas? Ou seriam os velhos o produto do tempo? Tendo semblantes tristes e pesados, as idéias não foram renovadoras? ?Não houve esperança?
Será que os velhos gostam do vento?
Fim da transmissão.

11 junho, 2005

04 junho, 2005

para aldous

A menina de saia sentou
e apoiou o rosto em sua mão fria
e expirou lentamente
e olhou o velho tagarela
e sorriu ao ouvir suas histórias
e observou sua bengala simplória
e decidiu chegar mais perto
e ele contou sobre as drogas
e ela se interessou
e falou sobre o futuro
e a moça temeu
e conversaram sobre cinema
e satisfeitos fumaram cigarros
e o senhor ofereceu um trago
e a menina desejou mais.

31 maio, 2005

Infância


Adoro essa foto! Posted by Hello

Esses olhinhos virados... Tão sapeca, ninguém imagina o turbilhão de idéias espetaculares que surgiam na minha mente infantil e perturbada...

30 abril, 2005

Varvara Wing

O vento gelado apareceu, tocou em meu rosto delicadamente, mas logo o coração ficou apertado, como os nós de um cachecol que aquece pescoços sensíveis. Enfim os dias frios de outono chegaram e com eles saudade daquela moça divertida que me fazia sorrir quando tudo parecia tão complicado... E ela diria - mas que DRAMA hein Dona Lu?- seguido de um sorriso maroto. Simplicidade em todas as formas. Nossas gargalhadas ecoavam nas avenidas, assim como os gritos cantantes de músicas rebeldes ou ainda inventadas, criatividade muito fértil nessas mentes, acompanhadas de coreografias manuais, sim, mãos dançantes desfilavam pelas ruas paulistanas!Exóticas num boteco de padaria, usando chapéus e pedindo mais um dose de gim!Os dias eram intensos ao seu lado, sempre recheados de criatividade e idéias mirabolantes, fizemos muitas coisas, de quase todas as coisas possíveis, ou mesmo aquelas que habitam o imaginário não muito certo de garotas de vinte e poucos anos. Esse mesmo vento sempre trará bons momentos, para lembrar que viver bem é assim.

23 abril, 2005

Jogo do Humor


Sinto-me estranha
nem bem-humorada
ou mal -humorada,
sem definição,
no sabido dicionário
não há essa palavra.
Mas como definir esse humor?
quieto, reservado, observador.
Com senso de humor
diria que humores
são muito pessoais
às vezes, selvagens...

Exílio da Fome

Minha terra é rica e fértil,
por ela inda voa algum sabiá,
as aves que por aqui passam
são mais gordas que as de lá.

Lá tem bananas, beringelas,
côco, arroz e fubá
barrigas vazias, só costelas,
soja, onde estará?

Ao lembrar disso sozinho,
mais dor encontro por lá,
minha terra, nosso ninho,
tanta fome que se dá.

Minha terra tem sabores
mas poucos os conhecem por lá,
endinheirados, pobres doutores
enviam tudo para cá,
e o povo engole a seco,
mais uma colher de fubá.

Não quero voltar para lá,
ter de buscar de boca em boca
um grão para saborear,
não sou sabiá, sou mosca
cansada de tanto procurar,
soja onde estará?