30 abril, 2005

Varvara Wing

O vento gelado apareceu, tocou em meu rosto delicadamente, mas logo o coração ficou apertado, como os nós de um cachecol que aquece pescoços sensíveis. Enfim os dias frios de outono chegaram e com eles saudade daquela moça divertida que me fazia sorrir quando tudo parecia tão complicado... E ela diria - mas que DRAMA hein Dona Lu?- seguido de um sorriso maroto. Simplicidade em todas as formas. Nossas gargalhadas ecoavam nas avenidas, assim como os gritos cantantes de músicas rebeldes ou ainda inventadas, criatividade muito fértil nessas mentes, acompanhadas de coreografias manuais, sim, mãos dançantes desfilavam pelas ruas paulistanas!Exóticas num boteco de padaria, usando chapéus e pedindo mais um dose de gim!Os dias eram intensos ao seu lado, sempre recheados de criatividade e idéias mirabolantes, fizemos muitas coisas, de quase todas as coisas possíveis, ou mesmo aquelas que habitam o imaginário não muito certo de garotas de vinte e poucos anos. Esse mesmo vento sempre trará bons momentos, para lembrar que viver bem é assim.

23 abril, 2005

Jogo do Humor


Sinto-me estranha
nem bem-humorada
ou mal -humorada,
sem definição,
no sabido dicionário
não há essa palavra.
Mas como definir esse humor?
quieto, reservado, observador.
Com senso de humor
diria que humores
são muito pessoais
às vezes, selvagens...

Exílio da Fome

Minha terra é rica e fértil,
por ela inda voa algum sabiá,
as aves que por aqui passam
são mais gordas que as de lá.

Lá tem bananas, beringelas,
côco, arroz e fubá
barrigas vazias, só costelas,
soja, onde estará?

Ao lembrar disso sozinho,
mais dor encontro por lá,
minha terra, nosso ninho,
tanta fome que se dá.

Minha terra tem sabores
mas poucos os conhecem por lá,
endinheirados, pobres doutores
enviam tudo para cá,
e o povo engole a seco,
mais uma colher de fubá.

Não quero voltar para lá,
ter de buscar de boca em boca
um grão para saborear,
não sou sabiá, sou mosca
cansada de tanto procurar,
soja onde estará?