20 novembro, 2009

E viva Zumbi!



O Africano e o Ariano
Mundo Livre S/A
Há quatro séculos a alma humana tem sido um motor

Da inquietação, da resistência, da transgressão

O negro sempre quis sair do gueto

Fugir da opressão fazendo história

Ganhando o mundo com estilo

O africano foi levado para sofrer no norte e gerou, entre outras coisas, o jazz, o blues, gospel, soul,r&b, funk, rock'n'roll, rap, hip hop

No centro, o suor africano fomentou o mambo, o ska,o calipso, a rumba, o reggae, dub, ragga, o merengue e a lambada, dancehall e muito mais

Mas é o ariano que ignora o africano ou é o africano que ignora o ariano?"

E ao sul a inquietude negra fez nascer, entre outros beats, o bumba, o maracatu, o afoxé, o xote, o choro, o samba, o baião, o coco, a embolada

Entre outros, os Jacksons e os Ferreiras, os Pixinguinhas e os Gonzagas, as Lias, os Silvas e os Moreiras

A alma africana sempre esteve no olho do furacão

Dendê no bacalhau, legítima e generosa transgressão

É Dr. Dre e é maracatu

É hip hop e é Mestre Salu

Mas é o ariano que ignora o africano ou é o africano que ignora o ariano?
*Mandala de Marisa Nunes

08 novembro, 2009

Pílula da Felicidade

Por esses dias ouvi de um colega: A Humanidade é triste e está sempre na expectativa da felicidade.
Seria essa infelicidade global um tipo de epidemia, o mau uso da tecnologia? Ou seria natural do homem?
Será a felicidade uma pílula de efeito momentâneo, será ainda possível contrabandiá-la, fazer estoques, ou ainda conservá-las no congelador?
Isso me faz lembrar Huxley mas, enfim, o que você faz com a sua felicidade?



*Cheshire cat, retirada do Google

20 setembro, 2009

Na onda dos filmes de terror asiáticos


Desafio: chuta que é macumba!, upload feito originalmente por Luarteira.

Taí o resultado da minha pequena história de uma foto só de tema "chuta que é macumba", desafio de um grupo do FLICKR de bonequeiros!

15 setembro, 2009

O Triste Fim de Maiakóvski

Como morreu Vladímir Maiakóvski? Boa pergunta. A versão oficial aponta para um suicídio melodramático, de acordo com o temperamento teatral do personagem. Na nova União Soviética de Stálin -a União Soviética da conformidade, da submissão absoluta, dos planos quinquenais-, o nome maior da vanguarda russa, ostracizado e deprimido, decidira sair de cena. Existe uma outra versão, igualmente colorida: a amante, Lília Brik, uma colaboradora da polícia secreta, teria denunciado os comportamentos "desviantes" de Maiakóvski, e não necessariamente na cama. Caído em desgraça, Maiakóvski foi assassinado. Ou, como na piada bolchevique, barbaramente suicidado. As circunstâncias da morte continuam a fascinar os estudiosos da matéria. Mas, suicidado ou suicidando-se, resta uma certeza que é difícil iludir: Maiakóvski morreu de ingenuidade. Não foi o único e, escusado será dizer, não foi o último: a mesma intelligentsia que recebera os bolcheviques de braços abertos na Rússia campesina e analfabeta de 1917 seria aquela que os bolcheviques acabariam por estrangular mais tarde. Mas quem sabia disso em 1917? Poucos. Em 1917, o passado arcaico e opressivo dos czares seria enterrado pela paixão fraterna dos vermelhos. Sabemos hoje que a história foi diferente. Mais: a história só poderia ser diferente. Ao contrário do que afirmam os beatos, não existe qualquer pureza benigna no ideal marxista; apenas a certeza de que a sua aplicação prática exige sempre violência e desumanidade, como é próprio das "religiões seculares". Kolakowski explica. Raymond Aron explica. E Maiakóvski, à sua maneira, também. Em 1923, no poema dedicado à amante, "Pro Eto" [Sobre Isto], a desilusão do autor era já tangível: a Nova Política Econômica com que Lênin pretendia levantar a União Soviética saída da guerra civil era a primeira grande "traição" à pureza do ideal. A União Soviética, aos olhos do horrorizado Maiakóvski, "aburguesava-se": esquecia as relações humanas autênticas, preferindo os prazeres efêmeros. O poema termina com uma nota de esperança: no futuro, proclamava Maiakóvski, seria possível retomar o rumo e viver um amor desinteressado e verdadeiramente fraternal. (...)

João Pereira Coutinho para a Folha.

31 agosto, 2009

Boneca Amy Winehouse


Amy Winehouse, upload feito originalmente por Samara Oliveira.

Boneca de pano by Chiquetosas, não é demais?

16 agosto, 2009

Como eu reaprendi a "brincar" de bonecas

Apresentando: ALICE in Wonderland! Alice é uma petite blythe - a boneca sensação dos últimos tempos, vendida no mundo inteiro para mocinhas crescidas, como eu (!!) Resumindo a história da doll: originalmente lançada em 1972 nos EUA, a boneca logo saiu de linha, as crianças tinham medo do cabeção e talvez dos olhos que mudavam de cor. Foi relançada nos anos 2000 pela Takara, empresa japonesa.
Comprei para customizá-la mesmo, de uma das minhas personagens favoritas - vestidinho e maquiagem feitos por mim! Nada mal, não é? Assim já vou criando expectativa para estreia do filme em março!

20 julho, 2009

O Canibalismo Amoroso - Affonso Romano de Sant'Anna

Segue a introdução do livro que comecei a ler essa semana, só para dar um gostinho...
Meu desejo é...

De uma certa maneira, este livro pretende escrever a história do desejo em nossa cultura. A história do desejo dramatizado através da poesia. Os poetas sempre foram considerados os grandes cantores do amor. Pois aqui eles nos servem de guias. Na verdade, através da linguagem deles estou querendo falar das fantasias eróticas do homem comum. Se a história do homem é a história de sua repressão, estudar o desejo e a interdição é uma maneira de penetrar melhor nessa mesma história. Aliás, se os poetas não representassem o imaginário social, suas obras não resistiriam nem teriam tido importância na configuração ideológica da comunidade. Portanto, esses autores que aqui estudo não são nem mais nem menos neuróticos que seus leitores. Se os leitores precisam de suas obras para elaborar suas fantasias é que esses textos são o espelho da fala alheia.
Por isso algumas partes têm subtítulos que se parecem a romances de folhetim ou de aventura. Este é um livro de história, onde o personagem principal é o Poeta-Édipo diante da Mulher-Esfinge. Daí esses capítulos do folhetim do desejo com títulos assim: “Ofélia e o Cisne no espelho líquido da morte”, “Do Pan violador ao Arlequim sedutor”, “O macho castrador reage ante a mulher ameaçadora” etc. E cada capítulo se abre com algumas “proposições”, que são a síntese do enredo, para que o leitor se organize melhor nas peripécias inconscientes do texto.
Adianto que este não é um estudo psicanalítico de autores, mas de obras e textos. Não estou, em princípio, interessado em detalhes biográficos de determinados indivíduos, mas preocupado em localizar em seus textos os sintomas que revelam o inconsciente dos textos. Desse modo, estou interessado no inconsciente dos textos. Esse inconsciente surge aqui como sinônimo de ideologia. Entender o inconsciente desses poemas é entender o inconsciente de uma comunidade e, portanto, sua ideologia amorosa. Assim, o que seriam neuroses individuais se transforma em alucinações coletivas, socializadas pela linguagem literária. Nesse sentido, tomo o texto com uma manifestação onírica social. Considero o texto como uma forma de sonho coletivo, pois os leitores abrem seu imaginário às provocações do imaginário do poeta e aí se hospedam. As metáforas e imagens passam a ser de utilidade pública. Estou, portanto, encarando o texto também como uma forma de mito. Se nas comunidades primitivas os mitos serviam para a tribo expressar seus temores, anseios e perplexidades, o texto poético, entre outros, tem essa função antropológica em nossa cultura. O poeta é o xamã que, ao invocar suas alucinações, faz com que, através delas, toda coletividade reviva seus fantasmas.
De uma certa maneira, este livro é também a história da representação do corpo nos (des)encontros amorosos. Sintomaticamente, aí se verá que o corpo feminino ocupa grande parte do discurso, enquanto o corpo masculino é silenciado. E, reveladoramente, embora o corpo masculino esteja ausente, a voz que fala pela mulher é a voz masculina. Essa é uma constatação aparentemente simples, mas de conseqüências graves. Por onde andou o corpo do homem durante todos esses séculos, salvo raríssimas exceções que, por serem tão excepcionais, só confirmam a regra? Evidentemente, essa ausência do corpo masculino e essa abundância do corpo feminino começam a ser explicadas pelo fato de que o homem sempre se considerou o sujeito do discurso, reservando à mulher a categoria de objeto. Como sujeito, portanto, ele se escamoteava, projetando sobre o corpo feminino os seus próprios fantasmas. Aí ele se porta como ventríloquo: o corpo é d outro, mas a voz é sua. Certamente, aí está também um preconceito histórico, segundo o qual o homem se caracteriza pela razão, pelas qualidades do espírito, enquanto a mulher é só instinto e forma física. A conseqüência disso é múltipla: transformada em objeto de análise e de alucinações amorosas, o corpo da mulher também é o campo de exercício do poder masculino. O homem, então, fala sobre a mulher, pensando em falar por ela. Descreve seus sentimentos, pensando descrever os dela. Imprime, enfim, o seu discurso masculino (muita vez machista) sobre o silêncio feminino. Certamente, essa situação se alterou, sobre tudo nos últimos vinte anos. Mas, por questão de espaço e método, não analiso as produções mais recentes. Isso é assunto para outra pesquisa.
Pode parecer estranho o que vou falar, mas a analise do imaginário amoroso mostra que a nossa cultura está cheia de péssimos amantes. E, repito, os poetas não inventaram nada. A análise desses textos, sob a ótica psicanalítica, revela um desajustamento entre o real e o imaginário, e confirma a afirmativa de Platão, de que desejo é indigência. Esses textos são uma espécie de “relatórios” e “depoimentos” sobre a vida amorosa, antes que os americanos vulgarizassem esses procedimentos para saber da vida erótica das pessoas. A rigor, a literatura, como produto cultural, foi sempre o lugar das grandes confissões, porque nela o desejo sempre expôs sua ânsia de realização. Escrever é desejar.
É espantoso ver (com a ajuda Antropologia,da Sociologia e da Historia) como o medo às mulheres (a misoginia) é uma praga, desde as tribos mais primitivas às sociedades mais industrializadas. È aterrador como o mito da mulher castradora, o mito da vagina deitada, da mulher aranha, e da serpente venenosa vem da antiguidade aos textos mais modernos. Já na Grécia, estava aquela Esfinge sufocando os impotentes. Lá está Echidna, metade serpente e metade mulher; lá está Charibdes – mulher sanguessuga engendrada pela Mãe Terra; já Omfalo, como Deusa Terra matava seus amantes; Empuses e Keres eram ninfas-vampiro, e esta bebia o sangue dos jovens apos a batalha. E existe uma Afrodite – conhecida como “Andrófoba” – que assassinava seus amantes como as deusas Ishtar e Anat. As Harpias eram as mulheres-demônio, Melissa era a abelha rainha e Medusa era uma das Górgonas castradoras dos homens. E, entrando pela mitologia germânica, a Walkírias atualizam as Amazonas na castração erótica mortal. Todas essas figuras complementam os textos sagrados, que nos falam da maldade devoradora de Kali, Lilith e Eva.
Por isso, já que a literatura é o mito rrevisitado, aí estão as mulheres fatais, como Salambo (Flaubert), Carmen (Merimée), Herodiade (Mallarmé), Cleópatra (Gauthier), Salomé (Wilde), Kali (Swinburne) tantas ouras, que o imaginário Greco-cristão construiu esquizofrenicamente para dramatizar o temor de Eva e amor de Maria. Portanto, a historia da metáfora amorosa é, em grande parte, a historia do medo de amar e da incapacidade de vencer fantasmas arcaicos e modernos. É clar que essa historia é a historia contada por homens. E, posto que o homem se elegeu como redator da historia, escolheu para a mulher o papel do outro, colocando nela a imagem do mal e da desagregação.
Uma coisa me fascinou entre outras neste estudo: ver como cada época organiza literariamente seu imaginário erótico. É com se fosse colocada uma linguagem ou uma moeda em circulação e, de repente, todos começam a expressar seus fantasmas dentro daquele código. Como se organiza essa linguagem dentro, acima ou a despeitos dos conhecidos “estilos de época”, é matéria de meditação, e a isso me refiro varias vezes dentro desse livro. Por exemplo, durante o Parnasianismo, o padrão feminino de beleza foi representado pela estatua de Venus e todos os poetas se transformaram em escultores-cultores desse mito, esculpindo em seus versos o seu pulsante desejo. Já no Simbolismo, passa-se dessa estatua desejante e desejada como uma Esfinge, para a temática da noiva morta. Quase todo poeta descreve uma noiva morta, embora isso nada tenha a ver com a biografia de cada um, pois maioria deles morreu burocraticamente (in)feliz e casado. No entanto, a poesia está cheia de cadáveres de virgens e Ofélias, visitas a cemitérios e um definhar constante dos amantes ante os caixões. A mesma coisa a respeito das freiras mortas em suas celas, como se houvesse ocorrido com elas e com as noivas alguma epidemia, ou como se o fato de se falar tanto de freiras e monjas fosse sinal de algum surto espiritual que teria levado tantas virgens aos conventos. No entanto, isso não pode ser medido pelo real, mas, sim, pelo imaginário, que se organiza de acordo com outros imaginários importados de outras culturas. Parafraseando conhecida corrente sociológica, pode-se dizer que se instituiu uma política ou economia do imaginário dependente, que faz com que, aqui nos trópicos ou na fria Noruega, se retrabalhem as alucinações de Baudelaire e Poe.
Tendo esse estudo me obrigado a mergulhar mais fundamente em certos períodos, com o Parnasianismo e o Simbolismo, muito pouco estudados por causa do preconceito que o Modernismo lançou contra o século XIX, de repente me defrontei com descobertas fascinantes, que ajudam a entender melhor nossa cultura e ideologia. Um dia ainda se poderá fazer uma reanálise do Modernismo, para se pesar esse prejuízo que nos causou com sua febre de recomeçar do zero as coisas. Pareceu-me que os poetas do Parnasianismo e Simbolismo, entrevistos como autores sintomáticos, podem nos fornecer um rico material para a compreensão literária de nossa cultura. Por pouco, por exemplo, quase não transformo o estudo dos poetas chamados de decadentes e simbolistas num livro autônomo. Mas, tendo resistido a essa tentação e chegando a poetas como Bandeira e Vinícius, procurei revelar outro Bandeira e outro Vinícius que não aqueles conhecidos. E é interessante constatar como a obra de Bandeira está muito mais ligada às matrizes ideológicas do século XIX do que se pensa. E, de repente, me vejo utilizando-o para acabar de entender o que foi o crepuscularismo erótico e estético ao tempo da art nouveau e da belle époque. Por outro lado, e Manuel Bandeira, a dualidade do amante, entre a santa e a prostituta e a constituição de uma prostituta sagrada como simbiose, dramatizam um problema secular, que se espera nossa cultura esteja esgotando. Vinicius é um poeta muito mal conhecido. Sua poesia, sobretudo a inicial, é de suma importância para se conhecer a utilização de mitos arcaicos na literatura moderna. Sua fragmentação dionisíaca e órfica, entre a “mulher única” e “todas as mulheres”, remete para uma esquizomorfose histórica. Meu estudo se interrompe com Vinicius, porque ele fecha um ciclo de visão da mulher que nos vem do Romantismo. Daí para a frente, a questão do desejo se torna mais diferenciada e parece ter passado por um momento histórico, com a grande liberação erótica dos anos 60 e o surgimento de várias outras linguagens e posturas ideológicas realmente instaladas na modernidade. Mas sobre isso tive de me abster de tratar, não só porque é, em si, uma vasta pesquisa, como também porque sou produtor de poesia, que tenta organizar-se dentro de uma nova visão da realidade, onde o amor entre o homem e a mulher se transforma.
Enquanto ia escrevendo esse livro, em cerca de dez anos de pesquisas, cada vez mais me convencia de que o que estava dizendo aqui, sobre a literatura brasileira, era valido para a grande maioria das literaturas ocidentais de que tenho notícia, e poderia ser exemplificado também na música, no teatro ou nas artes plásticas. Durant as pesquisas, várias vezes fui às literaturas francesa, inglesa, italiana, alemã, portuguesa e espanhola, para verificar o trânsito de certas imagens obsessivas do desejo, e de lá voltava com a confirmação da universalidade refletida na literatura brasileira. Estou convencido de que estudos paralelos (e melhores que este) podem ser desenvolvidos, tomando-se aquelas literaturas como objeto, e assim se entenderá melhor o que é a história do desejo no Ocidente.
Pensei, originariamente, em intitular este livro assim: “O Desejo e a Interdição do Desejo na Poesia Brasileira”. Nessa fase, cheguei a publicar um ensaio: “Literatura e Psicanálise: revendo Bilac”, que está no meu livro Por um Novo Conceito de Literatura Brasileira. A idéia do canibalismo ainda não havia se configurado tão claramente nos textos que estudava. Naquela direção, estudaria a questão de outra maneira: tratava-se de ver como o desejo se deixava representar, tanto na figura da mulher quanto na figura da pátria e na própria palavra usada pelo poeta. Assim, em poemas como “O Caçador de Esmeraldas” (Bilac) e “Martim Cererê” (Cassiano Ricardo), a pátria era a mulher onde o conquistador-colonizador ia verter o sêmen do progresso. Confirmava-se a falocracia econômica, num cruzamento da Psicanálise com a História e a Sociologia. Por outro lado, tomado como fetiche, a palavra (sobretudo nos textos onde o poeta confessa a sua ars poética e nos chamados movimentos de Vanguarda) converte-se no objeto da pulsão erótica. O poeta fala da palavra como se fala de uma mulher. Não é outra, aliás, a direção do discurso filosófico e estético ocidental: a verdade é uma mulher atrás de um véu, e cabe ao pensador viril despir, possuir ou violentar esse ser desejável e desejante com seu logos spermaticos.
Ditas, mais ou menos, algumas das coisas que pretendi, agora confesso algumas carências deste livro. Por exemplo: preferi trabalhar apenas com poesia, por questão de método, mas se poderia desenvolver igual estudo sobre a ficção. Dezenas de alunos meus realizaram teses de mestrado e doutorado explorando esses caminhos no romance, demonstrando como é fecunda essa linha de pesquisa. Por outro lado, intencionalmente, não me concentrei nos textos escritos por mulheres: isso seria uma outra empreitada, para a qual estimulei sobretudo alunas em suas teses e projetos de pesquisas. Sei que só quando se desentranhar do silencio a voz feminina recalcada, se terá um panorama mais amplo da história do desejo em nossa cultura.
As analises de poemas, aqui, não são exaustivas. Tive de me conter para não realizar aquilo que nos seminários e cursos tenho a oportunidade de desenvolver com os alunos. Seria, no entanto, interessante publicar, complementarmente a estas analises, um dia e em outro espaço. Por outro lado ia percebendo que, ao estudar o Romantismo, o Parnasianismo e o Simbolismo, grande numero de autores menores e desconhecidos ajudava a reconstituir uma teia de significados importantes para a análise do inconsciente ideológico. Por serem autores menores, cristalizavam com mais facilidade a linguagem alheia. Eram autores sintomáticos. Por outro lado, como a maioria dos autores estudados viveu e escreveu em completa ignorância do que era a Psicanálise, demonstravam uma espontaneidade às vezes comovedora. Certamente, alguns autores modernos, já sabedores dos mecanismos expostos a partir de Freud, acautelam-se mais ao escrever; disfarce que muita vez se converte em denuncia.
Aproximando-me do fim, esclareço que esse estudo é interdisciplinar por natureza. A Psicanálise aqui é o fio condutor, em torno do qual se armam os conhecimentos antropológicos, sociológicos, históricos e literários. Por outro lado, utilizei-me tanto de Freud e Jung quanto de Melanie Klein ou Lacan, quando julguei necessário e procurando um discurso de coerência que atravessasse o discurso deles e de outros ligados a essas escolas. Muitas vezes, surpreendi-me com o fato d que Freud, Lacan ou Jung pudessem ser falocêntricos, como hoje se tornou fácil demonstrar. Espanta o caráter de enigma que conferem à mulher, como se estivessem realmente diante de outro. É sintomático que seja Freud quem tenha dito: “A grande questão... para a qual não encontrei nenhuma resposta durante trinta anos de pesquisas sobre a natureza da mulher é a seguinte: O que querem elas enfim?”.
O titulo do livro, O Canibalismo Amoroso, por cobrir praticamente todas as áreas em estudo nesse volume e pela multiplicidade de significados, pareceu-me sinteticamente mais justo. Preferi não teorizar, nesta introdução, sobre esse assunto partir logo para a análise objetiva dos textos, introduzindo, aos poucos, a teoria sobre o canibalismo, toda vez que fosse necessária. O canibalismo é um traço em nossa cultura, muito mais significativo do que se pensa, tendo gerado até movimentos estéticos vanguardistas na Europa e no Brasil no princípio do século. Não é a toa que o cristianismo é tido como representante, no Ocidente, da ordem canibal ancestral. A idéia do ágape cristão (ceia do amor) e o ritual da hóstia (palavra que significa “vitima sacrificial”) sã uma atualização de um rito intemporal, onde deuses comem homens, homens comem deuses, ou, então, são dramatizados no sangue dos animais mediadores. O canibalismo como ritual pode ser visto, por exemplo, na era cristã. Os epiléticos, em Roma, bebiam o sangue quente dos gladiadores, e o médico do Papa Inocêncio VIII recomendou-lhe sangue de três crianças de dez anos. Da mitologia grega aos mitos indígenas brasileiros, abundam a omofagia e a antropofagia. Por isso, o canibalismo amoroso é apenas uma das formas desse ritual; talvez o que concentre o patológico, o religioso, o alimentar, e, imaginariamente, o mais viável e compulsivo. O leitor verá que, da mulata romântica, abatida e servida na cama-e-mesa do senhor, à “Receita de Mulher” de Vinicius de Moraes, a metáfora persiste como um álibi duplo. O canibalismo amoroso pode realizar-se através da violência sadomasoquista ou através da sedução órfica e dionisíaca.

16 julho, 2009

Aquisições na Augusta



Um passeio pela Augusta vale muito a pena. Reencontrar pessoas queridas, livros perdidos nos sebos e a música das outras gerações.



Novos Baianos - Vamos pro Mundo



Cartola - 1977





Affonso Romano de Sant'Anna, Davi Arrigucci Jr.,









Frédéric François, Drummond - Poesia Completa

Grito de torcida irritante



Passou domingo, dia 12...

O casal Marina Colasanti e Affonso Romano de Sant'Anna na FLIP



10 julho, 2009

surpresa para papai!

Liguei para a promoção "grito de torcida irritante" do programa Irritando Fernanda Young, conheço um grito bastante velho - quem me ensinou foi meu pai, num passeio de carro quando criança. Ele me contou que esse grito de torcida ele usava nos campeonatos esportivos do colégio militar, olha só, na década de 40! Eu nunca mais esqueci:

ZUM ZARAVALHO
PUM ZOROPIN ZOQUÉ
O QUÉ QUÉ
O QUÉ QUÉ
ZUM
PIGLIM PIGLIM PIGLIM
CATMARIMBAU
CATMARIMBAU
UECHAU
UECHAU


E não é que deu certo?! Papai está todo orgulhoso, disse que não vai perder...

06 julho, 2009

FLIP 2009 - sábado


Acordamos e ficamos surpresos com o bom tempo na cidade, a previsão era de chuva, muita chuva. Aliás, uma das coisas engraçadas dessa viagem foi o guarda roupa invernal dos flipeiros. Não foi muito diferente comigo. Mas sabendo que estaria no Rio de Janeiro, levei sandálias e camisetas além dos casacos e cachecóis, uma mala tipicamente feminina, com quase todas as opções... A manhã era ideal para se caminhar, então seguimos pela beira mar, na Rua da Praia, conhecemos a Igreja de Nossa Senhora das Dores que acabara de ser aberta depois de ficar oito anos fechada para reformas. Fiz três pedidos.


As construções em frente ao mar são ainda mais bonitas e maiores, como nessa foto ao lado, um casarão muito bem conservado, com ar-condicionado, um quintal cheio de plantas e com direito a cachorro!

As portas das casas no centro histórico são mais altas, e tem alguns degraus para o piso térreo, para evitar a entrada da água.

Caminhamos até o cais, por ali nem sinal de flipeiros, todos estavam por perto das tendas, assim ficou fácil perceber a tranquilidade da vida local: muitos pescadores e artesãos.

Voltando ao centrinho, as ruas ainda vazias, cruzamos com o autor Cristovão Tezza fotografando a cidade. Estar em Paraty em plena FLIP é inesquecível - faz bem aos olhos pelas belas construções, as águas da baía cheia de barcos coloridos, e simplesmente por cruzar com vários escritores andando pelas ruas, bem naturalmente.

Sentamos para um café na livraria da cidade - a única no centro histórico. E depois de ver Cristovão Tezza passar, o Marcelo Tas apareceu para gravar uma entrevista para o canal ESPN ali mesmo na livraria, como coordenador da FLIP ele falou sobre a FLIP ZONA, um dos vários ambientes da Festa de Literatura Internacional, só que com maior destaque para os jovens. Tas afirmou que nas últimas edições do evento, a gurizada ficava um tanto deslocada da festa, os adultos frequentavam as tendas do telão e dos autores, as crianças na flipinha e nada direcionado ao público mais jovem. Na FLIP ZONA foram exibidos diversos filmes e documentários, muita coisa criada pelos jovens no local, utilizando a câmera de seus celulares.

SÁBADO É DIA DE FLIPINHA

A Praça da Matriz foi uma atração a parte. Estava toda decorada com bonecos tirados das muitas poesias de Bandeira. Havia também "pés de livros", assim a molecada que passava por ali, podia sentar debaixo de uma árvore e fazer uma leitura. Era muitos livros pendurados. Também estavam por ali algumas mocinhas de voz suave e doce, colocavam um tubo colorido em nossos ouvidos e recitavam versos de Manuel Bandeira. Era tudo mágico, mesmo para os adultos que lotaram a praça no sábado. Algumas fotos:

Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virgem Maria que foi isto maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Café com pão
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
...


Cai cai balão!
A molecada salteou-o com atiradeiras
assobios
apupos
pedradas.
Cai cai balão!


Irene preta

Irene boa

Irene sempre de bom humor

Imagino Irene entrando no céu:

- Licença, meu branco!

E São Pedro Bonacheirão:

- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.






E na tenda da Flipinha: Ruth Rocha e Bia Hetzel!

Foi o único bate-papo que assisti na tenda da flipinha e valeu muuuuito a pena! Ruth Rocha está completando 40 anos de carreira, mais de 130 livros publicados, em muitas línguas. Autora do clássico - e por que não um clássico?! - Macelo, Marmelo, Martelo, mediada pela também autora de livros infantis Bia Hetzel, falou sobre começo de sua carreira, aos 38 anos, comentou quais são seus livros favoritos e respondeu a muitas perguntas das crianças maravilhadas com o tom doce de vovó de Ruth Rocha.

Ruth Rocha e Bia Hetzel respondendo a perguntas das crianças

Á noite, a estrela mais brilhante da festa: António Lobo Antunes

A mesa "Escrever é Preciso", uma conversa entre o mestre António Lobo Antunes e o jornalista e também escritor Humberto Werneck começou tímida. Lobo Antunes quase não falou, deixando todos um tanto ansiosos. Quando começou a falar, foi aplauso atrás de apaluso. Para mim , tudo era muito novo: a relação que o autor tem com o Brasil, um de seus avôs viveu por aqui, e o autor emocionou a plateia ao dizer que o Brasil não é para ele um país, e sim "um cheiro, é a comida, maneiras de viver e falar. O Brasil é uma coisa íntima." Também citou muitos nomes da poesia brasileira como Drummond, Murilo Mendes, Cabral, entre outros. Lobo Antunes ainda citou Paulo Mendes Campos, poeta mineiro ainda pouco conhecido por aqui. Para ele, a poesia ensina mais do que a prosa, pois ao ler uma prosa a vontade que tem é de corrigir o texto a todo momento. E essa vontade de corrigir os seus textos foi descrita por ele como um segundo trabalho: o autor disse ser necessário criar com a cabeça e corrigir com as mãos - sugeriu a quem quer escrever, observar um jogo com Garrincha - "é preciso pensar como um Didi e a habilidade de um Garrincha". Ainda falando sobre a criação e o trabalho de um escritor, Lobo Antunes diz que todo livro é uma metáfora e que todo livro é uma reflexão profunda da arte de escrever. Para escrever um bom texto é necessário cortar tudo: advérbios e adjetivos.
Lobo Antunes emocionou ainda mais quando relembrou de uma temporda na França com Jorge Amado e João Ubaldo Ribeiro, às 4 da manhã, Ubaldo fazendo feijoada! E quando questionado se ainda escreve, Ubaldo respondeu: Sim, meu pseudônimo é António Lobo Antunes.
Foi a melhor mesa da FLIP, a mais tocante, verdadeira e bonita. Parecia até que estávamos num balanço diferente, embalados pela voz de Lobo Antunes.

e ele só acendeu o cigarro quando chegou na mesa dos autógrafos...

FLIP 2009 - sexta-feira

Mal começou o dia e fomos apressados assistir a mesa "Evocação de um poeta", de pé mesmo, do lado de fora da tenda do telão. Na mesa, os três novos poetas brasileiros, Heitor Ferraz, Eucanaã Ferraz e Angélica Freitas debatiam a atualidade do poeta, o momento misterioso ou ainda rotineiro da criação, suas influências e fizeram leituras belíssimas de poemas como "Porquinho-da-índia", "Namorados", "Maçã" e "Evocação do Recife", bonitas escolhas para evocar a simplicidade do poeta homenageado, Manuel Bandeira. Em sua última fala, Angélica Freitas, leu "Belo Belo"de Bandeira:
Belo belo minha bela
Tenho tudo que não quero
Não tenho nada que quero
Não quero óculos nem tosse
Nem obrigação de voto
Quero quero
Quero a solidão dos píncaros
A água da fonte escondida
A rosa que floresceu
Sobre a escarpa inacessível
A luz da primeira estrela
Piscando no lusco-fusco
Quero quero
Quero dar a volta ao mundo
Só num navio de vela
Quero rever Pernambuco
Quero ver Bagdad e Cusco
Quero quero
Quero o moreno de Estela
Quero a brancura de Elisa
Quero a saliva de Bela
Quero as sardas de Adalgisa
Quero quero tanta coisa
Belo belo
Mas basta de lero-lero
Vida noves fora zero

Leia aqui a entrevista com a poeta Angélica Freitas na revista Vila Cultural.


Seguindo para o centro histórico, passeando pelas ruas de calçamento "pé-de-moleque" fui percebendo a FLIP, a cidade toda em festa, num outro ritmo, palavras, música, cores e poesia. Algo como visitar o Sítio do Pica-Pau Amarelo quando criança.



Compartilhar, criar, trocar. Por todos os lados novos artistas tentando vender seu peixe. Fantasiados, simpáticos ou mesmo declamando versos, estavam mesmo tentando. Ganhamos muita coisa. Como outros que estavam por ali, o casal Macambira e Queridinha, em sua primeira FLIP, escritores de Cordel vindos de Esperança - PB, circularam por todos os lados, todos os dias e eu não podia deixar de trazer alguns exemplares.


De estômago forrado, fomos passear de charrete, a promessa era a de saber mais da história de Paraty, por quem mora lá. O moço falou sobre a fundação da cidade (entre 1540 e 1560), mostrou as casas dos famosos, e entre outras coisas, explicou algo interessante e engenhoso a cerca da construção do centro histórico, que está abaixo do nível do mar, assim, quando a maré subia, lavava as ruas e levava com ela toda a sujeira, por não haver rede de esgoto na época. Hoje as águas ainda invadem o centrinho até certo ponto.




Também foi curioso aprender a origem de algumas expressões como "sem eira nem beira" e de "feito nas coxas" - o telhados das casas eram montados por telhas confeccionadas nas coxas das mulatas, ficando então irregulares - daí a expressão "feito nas coxas" para exemplificar algo mal feito. Além disso, os telhados poderiam ter ou não um acabamento, eira, beira e tribeira. Quanto mais "eiras", mais nobre era a família. Quando um sujeito perdia seus bens, perdia também suas "eiras", ficando sem eira nem beira.















No meio da tarde, andando pela Samuel da Costa, encontramos um grupo - não tenho certeza se local, provavelmente sim, numa batucada de MARACATU! Nada como uma batucada para sacudir o corpo e as ideias, dando mais energia para o resto do dia.





Fim de tarde chegou: Cristovão Tezza e o mexicano Mario Bellatin debatem "O eu profundo e os outros eus" - Tezza publicou em 2007 O Filho Eterno , um misto de ficção e autobiografia da relação de um jovem pai com o filho que tem síndrome de down, já escrevi um pouco sobre o livro aqui. Para o brasileiro , a ficção é um modo de compreensão do mundo e o fato biográfico é mais um elemento da realidade. Ainda citou Paul Auster: "uma vida só existe se se narra".

Já Bellatin afirma não se inspirar em sua vida para criar suas personagens - estas tem deformações congênitas, bem como o autor que nasceu sem o antebraço - apareceu na tenda dos autores com uma prótese em formato de pênis. O autor disse que procura se distanciar do que escreve para se tornar leitor dele mesmo, numa tentativa de desaparecer como autor.
Ambos autores leram trechos de suas novas obras.




A Editora Record distribuiu um trecho inédito do novo livro de Cristovão Tezza, Um Erro Emocional, leia aqui.


O LEITE DERRAMADO AZEDOU


Sexta-feira, 19 horas. A mesa "Sequências brasileiras" foi em disparado a mais concorrida, Milton Hatoum e Chico Buarque - ingressos esgotados na primeira hora ds vendas. Claro que eu também não consegui. Mas paciência, ficarei contente em receber os autógrafos dos autores em meus livros! O debate começou e eu já estava lá, a primeira na fila dos autógrafos. A cada minuto chegava mais e mais gente. Parecia que o debate não ia acabar nunca. Eles esticaram - e muito - o papo, mas dali não conseguia ouvir uma palavra sequer.
E a equipe da FLIP começou assim: - Não sabemos se ele (Chico) vem, não tem nada confirmado. Outra fala: - Não formem fila. - E ainda: - Não há uma fila oficial. - Quando uma multidão seguia crescendo.
Depois de algum tempo: - Ele virá, mas só irá autografar 100 livros, vamos distribuir senhas. - E eu: - E o Hatoum? E o Hatoum??
Sim, é claro que Chico Buarque e seu belo par de olhos causam todo esse frenesi e histeria, mas gente, e o Miltom Hatoum?! - Sim, ele virá também, está confirmado.
A próxima instrução dada a nós foi assim: - Ele só autografará um livro por pessoa, guardem os outros, vamos lá, pessoal, um livro só nas mãos.
A moça olhou para mim, um tanto arisca: - Pode guardar esses livros, só um por pessoa.
- Mas esses são do Hatoum, minha senhora!
O último comando foi assim: - Não adianta colocar seus nomes em papeis, ele só irá assinar o nome dele.
Ai ai. Cansei, cansei mesmo, coisa mais irritante - vou mandar essa historinha verdadeira para a Fernanda Young. Nada é mais irritante do que esperar por duas horas por alguém que não está a fim. Melhor seria não aparecer.
A mesa terminou, fico na ponta dos pés e vejo uma correria, uma GALERA chegando com tudo. O segurança ao meu lado, ainda mais alto que eu (meço 1,80m) estava tenso, bem tenso. E mais seguranças foram chegando. Medo do empurra-empurra. Eu só queria sair logo dali.
O Chico chegou primeiro, a maior berraria histérica de meninos e meninas. Mal aplaudiram o Hatoum que chegou logo depois. Eu ainda esperei o Chico Buarque autografar uma pilha de livros da equipe da FLIP. Pronto, enfim liberada:
- Chico, é para minha filha, Clarice. - E ele rabiscou qualquer coisa. Eu: - Obrigada.
Sigo em direção ao Milton Hatoum, toda encabulada: - É um prazer estar aqui (dãh). Ele sorriu, viu meu nome e o do Kleber: - Kleber? - E eu: - Meu marido. - Fez uma dedicatória.
No segundo volume que entreguei a ele havia anotações logo na primeira página, ele me olhou com cara de interrogação: - Somos estudantes de literatura e professores também. - Agora senti firmeza, Luciana! risos. E mais uma dedicatória carinhosa. Ele ainda estendeu a mão e eu atrapalhada, demorei um pouco a corresponder.
Preciso dizer mais alguma coisa?















a primeiríssima da fila






Milton Hatoum autografando meus livros

FLIP 2009 - quinta-feira

Chegamos a Paraty na hora do almoço, tempo nublado e aquela fome de mais de três horas de viagem. Parando por perto da Rua Domingos Gonçalves de Abreu avistamos alguns restaurantes e fomos passando de porta em porta - sempre aquele ar de botequim carioca que eu amo! Mas foi um certo Margarida Café que nos encantou pelo ambiente charmoso, colorido e musical. O almoço foi perfeito, mas "salgado".














Aproveitando o momento AINDA
sem chuva, levamos a pequena
para ver o mar, pela primeira vez,
na Praia do Jabaquara. E ela não
hesitou em caminhar até a água
e a brincar de correr atrás de recuo
da maré.







No começo da noite, seguimos para a mesa do neodarwinista Richard Dawkins, biólogo inglês que lotou as tendas dos autores e do telão. A mesa mais frequentada por jovens das quais estive. O professor aposentado tem se mostrado um sério defensor do ateísmo, e busca apresentar ao público uma forma mais simples de se entender a Teoria da Evolução. Parecia mesmo tentador.
A associação que o autor fez entre The Canterbury Tales e sua perspectiva de uma romaria "para trás", dos povos em busca da origem da vida foi bastante bacana. Mas me parece que sua ideia de deus foi um tanto materialista e superficial, talvez uma maneira de nos fazer curiosos e procurar seus livros. Acho que irei fazê-lo. Esperava algo mais polêmico, afinal o Brasil é tããão católico...
Para quem ficou curioso, seguem alguns trechos inéditos do livro "O Maior Espetáculo da Terra" distribuído na FLIP pela Companhia das Letras.

26 junho, 2009

Ouvir essa música é como abrir uma compota da minha vó, traz lembranças, cheiro e nostalgia. E isso importa. São as grandes coisas que nos marcam. E ele era grande. Como artista era completo. Como gênio, vivia em extremos. Assim como todo grande talento, o mundo não era o bastante.

* os vídeos originais estão suspensos para incorporação em outros sites...

grande inspiradora



Alguém que me dá muita luz nas criações, Esther Mahlangu - compartilhando com vocês.

22 junho, 2009

Purpurina de Rua

rua
movimento
sol
concreto
vento
paulistana
conhecido
sorriso
frio
calor
encontro
mãos
beijo
nostalgia
café
noite
adeus
faróis
chuva
brilho
purpurina
É antiguinho, de 2004...

Beijinho de Aveia


Essa receita quem me deu foi o , que é louco por aveia assim como eu. A receita é quase a mesma do brigadeiro, bem fácil, dá pra enrolar ou comer de colher, sem muuuuuita culpa, né?
- 1 lata de leite condensado;
- 1 colher das de sopa de margarina sem sal;
- 6 colheres das de sopa de aveia em flocos.
- Leve todos os ingredientes ao fogo, bem baixo, mexendo sem parar até ferver e engrossar.

16 junho, 2009

Rolling Stones - O Começo de Bent Rej

Mick Jagger
Bill Wyman, Keith Richards e Charlie Watts
“Roqueiros eram tratados como deuses e
suas vidas privadas sempre eram consideradas
secretas. Não sei como me deixaram fazer aquilo”
O fotógrafo dinamarquês Bent Rej reuniu em um livro imagens dos Stones entre os anos de 1965 e 1966, época de lançamento do hit Satisfaction. O fotógrafo acompanhou a banda nos shows e até em suas primeiras casas -"Roqueiros eram tratados como deuses e suas vidas privadas sempre eram consideradas secretas. Não sei como me deixaram fazer aquilo", contou Rej à Folha. É um presentão para os fãs dos Stones, e para mim, mais um registro da década dos sonhos...

15 junho, 2009

O Maior Amor do Mundo

Road Movie do coração - foi assim que o diretor Cacá Diegues se referiu ao filme. Não são os locais o que mais importa nessa jornada e sim a mudança da personagem pelas novas situações que vivencia. É a história de um (quase) anti-herói brasileiro, nascido no dia da fatídica final da Copa do Mundo de 50, Antônio, filho adotivo de uma família bastarda foi estudar nos EUA, formou-se astrofísico e continuou no exterior. A personagem passou a vida mirando o céu, tentando controlar as leis que regem o Universo, e deixou de lado as emoções e sentimentos, apenas seguindo o fluxo, acreditando na previsibilidade da vida. Quando descobre que sofre de uma doença incurável e da qual não teria controle, este homem faz uma espécie de regresso, em busca do elo em suas origens, em sua infância, uma reconciliação com seu passado. Essa busca o leva a uma favela carioca em meio ao tráfico e a violência, a procura de Zezé, uma senhora que saberia dizer algo sobre sua mãe biológica. O choque entre os diferentes mundos ainda é menor do que a percepção de Antônio- tudo que havia desperdiçado e agora não teria tempo para recuperar. Nessa trajetória, entre outras coisas, ele descobre seu lado feminino, emotivo. Descobre a vida.

Antônio é a metáfora do Brasil, um país que precisa se definir, o país das expectativas frustadas, o país da corda-bamba, e então, esse Brasil tem de morrer, para que nasça uma nova possibilidade de se reinventar.

Ano de Lançamento: 2006
Direção: Cacá Diegues
Roteiro: Cacá Diegues
Produção: Renata Almeida Magalhães
Música: Guto Graça Mello
Fotografia:Lauro Escorel

13 junho, 2009

Santo Antônio é o mais popular

Hoje, 13 de junho é dia de festa, dia de Santo Antônio, o santo mais popular do Brasil. O monge franciscano conhecido como Santo Antônio de Pádua ou de Lisboa caiu nas graças do povo, é conhecido por ser o Padroeiro dos pobres, Santo casamenteiro, sendo invocado também para se achar objetos perdidos. A intimidade dos fiéis é tanta que, quando ele não corresponde aos pedidos, os mesmos costumam castigá-lo, colocando sua imagem de cabeça para baixo ou ainda retirando o menino Jesus de seus braços. Uma das simpatias mais conhecidas em todo o Brasil é comer pão diante da imagem de Santo Antônio, pensando bastante na pessoa amada, assim a moça desencalha e acaba casando. Um outro atributo de Santo Antônio é o da abundância: os devotos recebem o pão distribuído pelas igrejas no dia de Santo Antônio e o colocam num pote de guardar arroz, é garantia de fartura o ano todo, e afirmam: o pão não mofa!
Veja aqui algumas simpatias.
* oratório em madeira, tinta plástica, tecido, fitas e renda.

02 junho, 2009

Decepção....

Os ingressos para TODAS as tendas dos autores na FLIP esgotaram praticamente na primeira manhã! Irei assistir na tenda do telão, o que não é exatamente a mesma coisa....

29 maio, 2009

Saiu a progamação e mediadores da FLIP!


Divulgados todos os mediadores e alterações na programação da Feira Internacional de Literatura de Paraty - FLIP, que terá Adriana Calcanhoto no show de abertura. Confira aqui a programação!

Faltam 33 dias!

28 maio, 2009

Online make up


Encontrei o site que dá aquela levantada! Bom, é meio inútil, mas vai que alguém deseja melhorar a make numa foto... Nessa foto eu EXAGEREI no visual, mas dá pra ver bem o resultado... Clique aqui para testar!

25 maio, 2009

Feirinha de antiguidades do Bixiga



Na minha última ida a São Paulo fui levada por minha irmã e cunhado na feira do Bixiga, ainda não conhecia. Não deu pra circular por tudo, caiu um toró daqueles e logo fomos embora. A feira é beeeem legal, além dos objetos e acessórios antigos, também tem livros, roupas e discos. Massa. Eu estava desprevinida, mas saí levando esse prato made in japan - Adoro coisas penduradas pela casa! Achei a feira mais bacana por não ser lotadíssima como a da Benedito Calixto, e tratando-se de antiguidades, achei os preços melhores do que a do MASP. Ah, adorei a transformista cantando músicas românticas no coreto! Rola todo domingo. Praça Dom Orione, Bixiga.

Receita de bolo de pinhão

O inverno já chegou por aqui e com ele o ADORADO pinhão. E dá pra comer pinhão de várias maneiras, por aqui, gostamos de bolo e de farofa de pinhão.
Quando morava no Rio não havia conhecido esse fruto, na verdade a semente, da araucária. Mas foi em uma festa Junina em São Paulo que conheci esse sabor tão gostoso!
Morando em Campos, praticamante um jardim de araucárias, facilmente se encontra pinhão em qualquer esquina. E muitos restaurantes tradicionais vendem o bolo de pinhão. Pois bem, como boa menina curiosa, tentei descobrir a receita, mas só me enrolaram... Resolvi ir tentando e tentando até encontrar A RECEITA! E descobri! Vou deixar registrada aqui, o bolo fica muito saboroso e fofinho!
Para começar, o pinhão deve ser cozido em panela de pressão por uma hora em fogo baixo, é muito, muito duro. Esses aí da foto foram cozidos dessa forma e deixamos na lareira para mantê-los aquecidos! Vamos lá!
Você vai precisar de:
- 2 xícaras de pinhões cozidos e descascados;
- 1 lata de leite condensado;
- 1 xícara de farinha de trigo;
- 1 colher das de sopa de fermento;
- 1 xícara de margarina
- 4 ovos;
- 1 pitada de sal.
Separe as claras das gemas e deixe-as batendo, até que fiquem firmes. Coloque os pinhões e todos os outros ingredientes (exceto o fermento) no liquidificador. Bata e ao final misture a massa, o fermento e as claras em neve utilizando uma colher. Despeje numa forma redonda, daquelas com um furo no meio, untada previamente. Leve ao forno (200°C) por 40 minutos. E está pronto!
Para uma receita mais calórica e doce, faça uma calda cremosa com leite condensado, coco ralado e um pouco de leite! Delícia! :)

15 maio, 2009

Dia das Mães

Essa foto merece ser mostrada. É do ano passado, Clarice deveria estar com uns 6 meses. Coloquei as mamadeiras, colher e outros utensílios para ferver e fui para a sala trabalhar umas caixinhas que estava pintando. Um cheiro horrível invadiu toda a casa. Ai ai , esqueci os plásticos na panela, e esse foi o resultado. Ficou pendurado acima do fogão por um tempo. Agora, Clarice não usa mais mamadeiras, não é necessário ferver nada, então tirei a foto para guardar o momento! Coisa de mãe mesmo, tantas preocupações na cabeça e tão avoada ao mesmo tempo!
O último Dia das Mães ficou registrado nessa foto: dinda e Júlia, tio Zé e Clarice, as meninas estão crescidas!







28 abril, 2009

para pat


* Pazé, Transeunte, 2001 (MAM na Oca, 2006)


Se te queres matar, porque não te queres matar?
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
Se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
A que chamamos o mundo?
A cinematografia das horas representadas
Por actores de convenções e poses determinadas,
O circo polícromo do nosso dinamismo sem fim?
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...
E de qualquer forma, se te cansa seres,
Ah, cansa-te nobremente,
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
Não saúdes como eu a morte em literatura!

Fazes falta?
Ó sombra fútil chamada gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
Talvez peses mais durando, que deixando de durar...
A mágoa dos outros?...
Tens remorso adiantado
De que te chorem?
Descansa: pouco te chorarão...
O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,
Quando não são de coisas nossas,
Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte,
Porque é a coisa depois da qual nada acontece aos outros...

Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda
Do mistério e da falta da tua vida falada...
Depois o horror do caixão visível e material,
E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali.
Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas,
Lamentando a pena de teres morrido,
E tu mera causa ocasional daquela carpidação,
Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas...
Muito mais morto aqui que calculas,
Mesmo que estejas muito mais vivo além...

Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova,
E depois o princípio da morte da tua memória.
Há primeiro em todos um alívio
Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido...
Depois a conversa aligeira-se quotidianamente,
E a vida de todos os dias retoma o seu dia...

Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste;
Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.

Encara-te a frio, e encara a frio o que somos...
Se queres matar-te, mata-te...
Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência!...
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?

Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera
As seivas, e a circulação do sangue, e o amor?
memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?
Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem.
Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?

És importante para ti, porque é a ti que te sentes.
És tudo para ti, porque para ti és o universo,
E o próprio universo e os outros
Satélites da tua subjectividade objectiva.
És importante para ti porque só tu és importante para ti.
E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?

Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido?
Mas o que é conhecido?
O que é que tu conheces,
Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?

Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida?
Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente:
Torna-te parte carnal da terra e das coisas!
Dispersa-te, sistema físico-químico
De células nocturnamente conscientes
Pela nocturna consciência da inconsciência dos corpos,
Pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências,
Pela relva e a erva da proliferação dos seres,
Pela névoa atómica das coisas,
Pelas paredes turbilhonantes
Do vácuo dinâmico do mundo...

Álvaro de Campos

25 abril, 2009

Dilema carnal

Derrubem o bacon.... A gripe suína está chegando !!!!! E eu ainda não estou curada da minha gripe aviária. Será que volto a ser vegetariana?!!!

20 abril, 2009

FLIP 2009

A sétima edição da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), que acontece entre 1º e 5 de julho está IMPERDÍVEL, alguns dos convidados confirmados: Antônio Lobo Antunes, Milton Hatoum, Chico Buarque, Cristóvão Tezza, Carlos Fuentes, Dawkins, Alex Ross,Sophie Calle, Atiq Rahimi, Catherine Millet, Anne Enright.

Quem vai??

http://www.flip.org.br/sobre_flip.php3

13 abril, 2009

meu pé na mãe áfrica


Painel


feito para o kleber com carinho.

O cigarro de Sade - LUIZ FELIPE PONDÉ

Não poderia deixar de registrar por aqui a coluna do Pondé de hoje, para variar, GENIAL!

Temo pessoas que não têm vícios. O novo hipócrita
é magérrimo, "verde" e antitabagista

SADE É sem dúvida um autor famoso. Para alguns, ele é um gênio que grita pela liberdade em meio ao século das Luzes (um Voltaire maníaco por sexo), para outros, mero tarado sexual com dotes literários medíocres. Apesar de tê-lo lido com alguma atenção e entender um pouco o que os especialistas veem nele, suspeito que, antes de tudo, seu sucesso se deu porque ele era um nobre "em desgraça" que escrevia pornografia pesada (quem não gosta?). Se ele estiver certo, somos todos tarados sexuais. Mas levemos a sério sua "crítica" e vejamos aonde ela nos levaria hoje.Sade funda uma "tradição" que é ver no sexo algo além dele. Muitos o seguiram nessa suspeita de que sexo é mais do que sexo. O Sade político ou psicanalista é o mais famoso. Mas há um Sade "metafísico". Segundo sua metafísica, a Natureza é perversa e cruel e, portanto, a rigor, não há crime ou transgressão porque a regra é o crime e a transgressão. Nesse sentido, ele se aproxima muito dos cristãos antigos conhecidos como gnósticos, caras que afirmavam que o mundo foi criado por um deus mau. Segundo o que nos legou os críticos desses gnósticos, alguns deles se entregavam a todo tipo de sexo, menos o reprodutivo, como forma de desafio ao deus mau. Diriam eles: "Veja, oh! Miserável deus, você nos fez gostar de sexo para reproduzir suas vítimas, por isso fazemos apenas sexo estéril". Já há aqui algum indício da "sexualidade de protesto". Mas o Sade político e psicanalista é mais fácil de circular em jantares inteligentes. Seus frequentadores são consumidores envergonhados de antidepressivos, não aturam pessimismo de gente grande como a metafísica de Sade. A política sadiana identifica na moral social a intenção de nos destruir pela repressão do desejo. Quem busca a "virtude", como sua personagem Justine, é objeto "feito" para ser torturado por uma sociedade que dá corpo à crueldade da Natureza louca. A revolta nesse caso é ser sexualmente "livre": transformar-se no libertino, ou seja, no torturador, identificando-se com a "regra da crueldade gostosa".Já o Sade psicanalista é aquele que "pressente" o gozo da pulsão de morte como natureza essencial do animal louco que seríamos. Violência, revolução e gozo. Depois dele, nunca mais fomos para cama com alguém sem levar junto Freud (mamãe e papai), Marx (e a ideologia de classe), Foucault (e a microfísica do poder invisível), enfim, haja cama grande para tanta gente. Não fazemos mais sexo, fazemos política e sintomas quando temos tesão por alguém. Confesso que no fundo acho esse papo de perversão sexual meio "boring" (um saco): bater, queimar, cortar, apanhar, ser queimado, ser cortado. A mesma lengalenga de sempre. A morte para um perverso é achá-lo entediante. Na realidade, a política sadiana hoje está espalhada em sites sado-maso banais. Acho mais interessante imaginar o que Sade teria escrito hoje, se vivesse em nossa época, dada a delírios de uma nova "pureza". Imagine, caro leitor, que existem pessoas que "salvam" o mundo comendo alface! Um exército de rúculas! O que seria transgressivo no caso da "nova pureza"? Tiraria ele sarro do "pai Obama"? Ou talvez ele fumaria um cigarro no meio de um templo onde se reúnem os fascistas da saúde?Mas tabaco faz mal! Claro que sim, mas ser violentada por cinco caras também faz mal. Fazer sexo nos telhados, como gatos, também faz mal. Por que achar que isso é libertador e fumar não? Vamos adiante, quem é o novo Sade? Que tal comer gordura trans? Ou será que a "ciência da comida saudável" já mudou de novo e agora comer gordura trans combate ataques cardíacos? Vejo um Sade gordo, dilacerando uma picanha em meio a um restaurante de comedores de rúculas. Chorariam? Ou o espancariam? Vaquinhas jamais, mas sádicos comedores de carne e fumantes merecem uma surra? Ou apenas desprezo e nojo? Os nazistas também eram defensores dos animais... Sua Sodoma seria deliciosamente poluída, rindo das "medições" do aquecimento global. No lugar da teoria Gaia da "mãe terra", a "devoradora terra" gargalhando de nossa "devoção verde". O Sade do sexo envelheceu. Hoje todo mundo acha chique achá-lo chique. O novo Sade é aquele que, talvez, debocharia de uma sociedade da saúde. O que nos humaniza são os vícios, não as virtudes. Temo pessoas que não têm vícios. O novo hipócrita é magérrimo, "verde" e antitabagista.