Alguns livros tem o impacto de nos marcar por muito tempo, às vezes, mesmo que meio escondido, você sabe daquele sentimento-vibração por certas obras. Foi assim que The Catcher in the Rye ficou em mim. Ontem, ao ouvir sobre a morte de Salinger, aos 91 anos, corri para meus textos para reler essa resenha que fiz há alguns anos. Logo, deixo por aqui minhas impressões desse livro espetacular:
O Apanhador no Campo de Centeio
Medo, insegurança, pureza, conflito e, sobretudo juventude. Particularidades do comportamento humano em um momento único na vida de todos os indivíduos. Esse foi o recorte escolhido pelo nova-iorquino Jerome David Salinger ao retratar Holden Caulfield – um adolescente de dezessete anos à beira de um ataque de nervos.O impactante romance “O Apanhador no Campo de Centeio” publicado no início dos anos 50, se por um lado celebrado como a bíblia da juventude, também causou polêmica por parte de críticos que não o consideraram uma obra literária de importância – por sua linguagem jovial recheada de gírias e palavrões que fazem parte da realidade da rapaziada. Controvérsias à parte, o fato é que Salinger deu voz a quem não tinha vez: o jovem, em plena geração pós-segunda guerra. Ninguém havia escrito sobre a juventude de tal forma, ou melhor, havia descrito a juventude – suas dúvidas, maluquices, receios, inconformismos, enfim, o autor plantou ali a semente da rebeldia que viria a se fortalecer ainda mais com a geração beatnik, poucos anos após a publicação de “THE CATCHER IN THE RYE”.Salinger foi inovador ao chegar tão perto da existência e confusão de ser jovem, ao criar sua personagem – nosso ANTI-HERÓI – Holden Caulfield; um cara nada confiável, reprovado na escola, contestador, mentiroso, inteligente, sensível e muito cínico. Holden conquistou gerações – até hoje, em todo o mundo. Seu criador, no entanto, se tornou um mistério, com todo o sucesso de sua obra, Salinger fugiu dos holofotes, refugiando-se da sociedade, não dá entrevistas e muito menos permite ser fotografado, no duro.Criador e criatura estão muito próximos, Holden nos conta em alguns trechos de seu desejo de ir para o Oeste, morar numa cabana, isolar-se – possível influência de Thoreau e Whitman – como fez seu inventor. Além disso, o inquieto Holden detesta cinema, assim como J. D. Salinger que até hoje não autorizou a adaptação para o cinema de sua maior criação. Tem mais, o autor serviu o exército na Segunda Grande Guerra – um breve comentário de Holden acerca de “Adeus às Armas” de Ernest Hemingway, livro que trata entre outras coisas, da Guerra Espanhola: “tinha no livro um sujeito chamado Tenente Henry que era considerado um bom sujeito e tudo. Não sei como o D.B. podia detestar tanto o exército e a guerra e tudo, e ao mesmo tempo gostar de um cretino daqueles”.Em uma leitura superficial, pode-se resumir o romance como a passagem de um final de semana da vida de um jovem: não se sabe especificamente onde ele se encontra, mas sabemos que está sob tratamento mental em alguma instituição. A história de Holden é narrada a partir de um sábado na escola Pencey, na qual foi reprovado em algumas matérias e expulso. A caminho de casa, antes do tempo e sem o conhecimento de seus pais, Holden nos conta das pessoas que procurou, das que encontrou, dos novos lugares, sempre contando histórias, mentiras e criticando a todos, até encontrar-se com sua irmã mais nova Phoebe, em Nova Iorque.Ingenuidade do leitor que não percebe a grande trajetória em questão. Holden Caulfield não é apenas um adolescente chato, mal resolvido e mal humorado. Ele é a passagem da infância para o mundo adulto e suas responsabilidades. E esse é o seu maior MEDO. Para o jovem rapaz, os adultos são falsos e mentirosos, perderam a inocência e a honestidade que as crianças têm. Holden diz que os adultos são falsos, ok, mas não percebe que ele mesmo está o tempo todo criticando e mentindo para as pessoas – é a forma que encontrou para se proteger, por se achar único, o que justifica o uso diário de seu chapéu de caça.Numa tentativa fantasiosa para se justificar o garoto Caulfield inventa dois mundos: o da hipocrisia adulta e o da inocência infantil, querendo de qualquer forma permanecer puro – mesmo já corrompido por seu cinismo – essa fantasia fica clara quando Holden conta à Phoebe sobre sua vontade de ser o apanhador no campo de centeio: “fico imaginando uma porção de garotinhos brincando no campo de centeio. Milhares de garotinhos e ninguém por perto. Eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o quê eu tenho que fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo”. O diálogo entre os irmãos no qual Holden conta de seu desejo imaginário é a melhor sacada do livro, o título – inspirado num verso do poeta Robert Burns – e porque não dizer poético, é a metáfora desta transição tão temida por Caulfield. Ele estaria ali evitando que a inocência fosse perdida num abismo. Perder a pureza é tão ruim quanto cair num abismo, não tem volta.
Medo, insegurança, pureza, conflito e, sobretudo juventude. Particularidades do comportamento humano em um momento único na vida de todos os indivíduos. Esse foi o recorte escolhido pelo nova-iorquino Jerome David Salinger ao retratar Holden Caulfield – um adolescente de dezessete anos à beira de um ataque de nervos.O impactante romance “O Apanhador no Campo de Centeio” publicado no início dos anos 50, se por um lado celebrado como a bíblia da juventude, também causou polêmica por parte de críticos que não o consideraram uma obra literária de importância – por sua linguagem jovial recheada de gírias e palavrões que fazem parte da realidade da rapaziada. Controvérsias à parte, o fato é que Salinger deu voz a quem não tinha vez: o jovem, em plena geração pós-segunda guerra. Ninguém havia escrito sobre a juventude de tal forma, ou melhor, havia descrito a juventude – suas dúvidas, maluquices, receios, inconformismos, enfim, o autor plantou ali a semente da rebeldia que viria a se fortalecer ainda mais com a geração beatnik, poucos anos após a publicação de “THE CATCHER IN THE RYE”.Salinger foi inovador ao chegar tão perto da existência e confusão de ser jovem, ao criar sua personagem – nosso ANTI-HERÓI – Holden Caulfield; um cara nada confiável, reprovado na escola, contestador, mentiroso, inteligente, sensível e muito cínico. Holden conquistou gerações – até hoje, em todo o mundo. Seu criador, no entanto, se tornou um mistério, com todo o sucesso de sua obra, Salinger fugiu dos holofotes, refugiando-se da sociedade, não dá entrevistas e muito menos permite ser fotografado, no duro.Criador e criatura estão muito próximos, Holden nos conta em alguns trechos de seu desejo de ir para o Oeste, morar numa cabana, isolar-se – possível influência de Thoreau e Whitman – como fez seu inventor. Além disso, o inquieto Holden detesta cinema, assim como J. D. Salinger que até hoje não autorizou a adaptação para o cinema de sua maior criação. Tem mais, o autor serviu o exército na Segunda Grande Guerra – um breve comentário de Holden acerca de “Adeus às Armas” de Ernest Hemingway, livro que trata entre outras coisas, da Guerra Espanhola: “tinha no livro um sujeito chamado Tenente Henry que era considerado um bom sujeito e tudo. Não sei como o D.B. podia detestar tanto o exército e a guerra e tudo, e ao mesmo tempo gostar de um cretino daqueles”.Em uma leitura superficial, pode-se resumir o romance como a passagem de um final de semana da vida de um jovem: não se sabe especificamente onde ele se encontra, mas sabemos que está sob tratamento mental em alguma instituição. A história de Holden é narrada a partir de um sábado na escola Pencey, na qual foi reprovado em algumas matérias e expulso. A caminho de casa, antes do tempo e sem o conhecimento de seus pais, Holden nos conta das pessoas que procurou, das que encontrou, dos novos lugares, sempre contando histórias, mentiras e criticando a todos, até encontrar-se com sua irmã mais nova Phoebe, em Nova Iorque.Ingenuidade do leitor que não percebe a grande trajetória em questão. Holden Caulfield não é apenas um adolescente chato, mal resolvido e mal humorado. Ele é a passagem da infância para o mundo adulto e suas responsabilidades. E esse é o seu maior MEDO. Para o jovem rapaz, os adultos são falsos e mentirosos, perderam a inocência e a honestidade que as crianças têm. Holden diz que os adultos são falsos, ok, mas não percebe que ele mesmo está o tempo todo criticando e mentindo para as pessoas – é a forma que encontrou para se proteger, por se achar único, o que justifica o uso diário de seu chapéu de caça.Numa tentativa fantasiosa para se justificar o garoto Caulfield inventa dois mundos: o da hipocrisia adulta e o da inocência infantil, querendo de qualquer forma permanecer puro – mesmo já corrompido por seu cinismo – essa fantasia fica clara quando Holden conta à Phoebe sobre sua vontade de ser o apanhador no campo de centeio: “fico imaginando uma porção de garotinhos brincando no campo de centeio. Milhares de garotinhos e ninguém por perto. Eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o quê eu tenho que fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo”. O diálogo entre os irmãos no qual Holden conta de seu desejo imaginário é a melhor sacada do livro, o título – inspirado num verso do poeta Robert Burns – e porque não dizer poético, é a metáfora desta transição tão temida por Caulfield. Ele estaria ali evitando que a inocência fosse perdida num abismo. Perder a pureza é tão ruim quanto cair num abismo, não tem volta.
Your blog is interesting, I hope a lot of love to your blog, you can see my blog and leave a comment, please
ResponderExcluirDefinitivamente foi um livro que me deu algum sentido nesta fase e durante outras transições que continuam a ocorrer. Boa leitura, aqui e no livro.
ResponderExcluirAté :)
Olá! Gostaria de convidar vc para conhecer o meu blog! Nele falo sobre uma de minhas paixões: livros!
ResponderExcluirVc encontrará críticas literárias, indicações de leitura, novidades na área, notícias interessantes sobre livros e lançamentos, além de textos escritos por mim.
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Ah, seu blog é muito bom! Gostei dos posts. Voltarei mais vezes.
Bjos
OBS: vc tem perfil no flickr?
Eu, como de praxe, li esse livro na adolescência e até hoje é um dos que mais gostei de ler. Parabéns pelo blog!
ResponderExcluirTem sensibilidade saindo por todos os poros. Coisa difícil de encontrar.
ResponderExcluirMeus parabéns e pêsames.
BM
¡Hola buenas!
ResponderExcluirAcabo de ver tu blog y para mi es interesante y tengo que felicitarte, te animo.
Mi blog es: http://sordobierzo.blogspot.com/
Muchas gracias.
Un saludo
I'm appreciate your excellent photographs. Please keep on working hard.
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