23 janeiro, 2009

Roseiral




Um Índio – Caetano Veloso
“Virá impávido que nem Muhamed Ali/ virá que eu vi apaixonadamente como Peri /virá que eu vi tranqüilo e infalível como Bruce Lee /virá que eu vi o axé do afoxé, Filhos de Gandhi virá .”


O Guardador de Rebanhos (VIII) – Fernando Pessoa
“Esta é a história do meu Menino Jesus.Por que razão que se perceba Não há-de ser ela mais verdadeira Que tudo quanto os filósofos pensam E tudo quanto as religiões ensinam?”


Perdoando Deus – Clarice Lispector
“Como amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que "Deus" é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse.”


No Meio do Caminho – Carlos Drummond de Andrade
“Nunca me esquecerei desse acontecimentona vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminhotinha uma pedra.”


Pequeno poema didático – Mário Quintana
“A vida é indivisível. Mesmo A que se julga mais dispersa E pertence a um eterno diálogo A mais inconseqüente conversa.”


Autopsicografia – Fernando Pessoa
“E os que lêem o que escreve,Na dor lida sentem bem,Não as duas que ele teve,Mas só a que eles não têm.”


Retrato – Cecília Meireles
“Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil:- Em que espelho ficou perdidaa minha face?”


Use Filtro Solar – Mary Schmich
“Tenham cuidado com as pessoas que dão conselhos, mas sejam pacientes com elas. Conselho é uma forma de nostalgia. Dar conselhos é uma forma de resgatar o passado da lata do lixo, limpá-lo, esconder as partes feias e reciclá-lo por um preço maior do que realmente vale.”



Cartas de amor (trecho) – Fernando Pessoa
“Mas, afinal,Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor É que são Ridículas.
... embora na vida adulta sigam outras afeições, conservam num escaninho de alma, a memória do seu amor antigo e inútil."


Sonetos 05, 30 e 80 – Luís deCamões

“Amor é fogo que arde sem se ver.”

“Alma minha gentil, que te partiste.”

“Sete anos de pastor Jacob servia.”


Amor – Clarice Lispector

“Amor é finalmente a pobreza. Amor é não ter inclusive amorÉ a desilusão do que se pensava que era amor.”


Amor Feinho – Adélia Prado

“Amor feinho não olha um pro outro.Uma vez encontrado, é igual fé,não teologa mais.”


Amor, Meu Grande Amor – Ângela Rô Rô
“Que tudo o que ofereçoÉ meu calor, meu endereço A vida do teu filho Desde o fim até o começo.”


Tanto Mar – Chico Buarque
“Sei que há léguas a nos separar Tanto mar, tanto mar Sei também quanto é preciso, pá Navegar, navegar.”

Mar Português – Fernando Pessoa
“Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor.Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.”

O Navio Negreiro – Castro Alves ”Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus...Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?...Astros! noite! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão!...”


Erro de Português – Oswald de Andrade
"Quando o português chegou/ Debaixo de uma bruta chuva/Vestiu o índio/ Que pena! Fosse uma manhã de sol /O índio tinha despido /O português.”


A Flor e a Náusea – Carlos Drummond de Andrade
“Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.”

Credo – Milton Nascimento e Fernando Brant
”E acorda novo, forte, alegre, cheio de paixãoVamos caminhando de mãos dadas com a alma novaViver semeando a liberdade em cada coraçãoTenha fé em nosso povo que ele acordaTenha fé em nosso povo que ele assusta.”




Procura da Poesia – Carlos Drummond de Andrade
“Chega mais perto e contempla as palavras.Cada umatem mil faces secretas sob a face neutrae te pergunta, sem interesse pela resposta,pobre ou terrível, que lhe deres:Trouxeste a chave?”


Ser Poeta – Florbela Espanca
“Ser poeta é ser mais alto, é ser maiorDo que os homens! Morder como quem beija!
... É ter fome, é ter sede de Infinito!”

Sangue Latino – João Ricardo e Paulinho Mendonça

“Jurei mentiras /E sigo sozinho /Assumo os pecados /Os ventos do norte/Não movem moinhos/E o que me resta/É só um gemido.”


Poética – Manuel Bandeira
“Abaixo os puristas Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis Estou farto do lirismo namorador.”


Morte e Vida Severina (trecho) – João Cabral de Melo Neto

“É uma cova grande pra teu defunto parco Porém mais que no mundo te sentirás largo É uma cova grande pra tua carne pouca Mas a terra dada, não se abre a boca.”
Cartas de meu avô – Manuel Bandeira
“O meu semblante está enxuto.Mas a alma, em gotas mansas,Chora, abismada no luto Das minhas desesperanças...”



Versos Íntimos – Augusto dos Anjos
“Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja.”

A Alma Humana – Fernando Pessoa

“Mas um poço sinistro, cheio de ecos vagos, habitado por vidas ignóbeis, viscosidades sem vida, lesmas sem ser. Ranho da subjetividade.”

(Coletânea de Poesia num CD - Luciana Feijó e Kleber da Cruz)

2 comentários:

  1. Aliás...perfeito!
    É minha coletãnea predileta...
    bjs, Elaine

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  2. Adorei as frases, muito orgulho dessa minha irmã cabeça!

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